sábado, 29 de agosto de 2009

Sexta-feira 13: novo box do Jason é um horror!

Como novo colaborador incumbido de cobrir o gênero mais “ame-ou-odeie” conhecido, tentarei dar um panorama do que temos e não temos aqui no Brasil e de como foram/são lançados em terras tupiniquins os filmes a que me refiro. Sim, por estes filmes me refiro ao cinema de horror. Sangue, tripas, sustos, ferramentas pouco ortodoxas, morte em profusão, climas opressores, tensão desmedida. Algo que nos é bastante caro e, ao mesmo tempo, vítima de preconceito do grande público, que, não raro, lança mão de rótulos como trash para, talvez até inconscientemente, desqualificar o que a tela exibe. Bobagem, mesmo para os detratores não existe unanimidade sobre o significado deste conceito e a que exatamente ele se refere.

Mas, voltando ao foco, hoje eu falarei sobre aquele que, por um lado, é festejado como um grande lançamento para os fãs de DVD’s de horror e que, eu particularmente, tenho cá as minhas ressalvas a respeito. Analisemos, pois, o box que reúne as partes de dois a seis da franquia Sexta-Feira 13. Antes disso, eu gostaria de situar o que Sexta-Feira 13 representa para o cinema de horror mundial.

Até o lançamento de O Massacre da Serra Elétrica, em 1974, os personagens icônicos para o gênero eram os monstros clássicos da Universal Studios e os adaptados de clássicos da literatura. Drácula, Lobisomem, a Múmia, Dr. Jackyl & Mr. Hyde, Frankenstein, o Homem-Invisível, o Monstro da Lagoa Negra, etc. Uma das prováveis explicações para este fenômeno, além da qualidade dos filmes em si, claro, é o fato de eles terem sido ostensivamente retratados pela sétima arte em um grande número de obras, não necessariamente continuações umas das outras. Explorar estas figuras era uma fórmula tão certa de sucesso que os exageros não tardaram a surgir – vide os improváveis crossing over legados por William Beaudine aos freqüentadores dos drive-in nos 60, Billy the Kid vs. Dracula (1965) e Jesse James meets Frankenstein’s Daughter (1966) – e, gradativamente, eles foram, depois de golpes e mais golpes como esses, perdendo a força. Ainda assim, as adaptações continuavam.

O final dos anos 70 e a próxima década foram cruciais no sentido de uma renovação quando se pensa os personagens principais do imaginário horrorífico no cinema. Afinal, foi a época que nos trouxe o Jason Voorhees, de Sexta-Feira 13; o Freddy Kruegger, de A Hora do Pesadelo; Michael Myers, de Halloween (dos estertores dos 70); o Pinhead, de Hellraiser; a própria consolidação e conseqüente volta da imagem de Leatherface, em O Massacre da Serra Elétrica 2 e, com menor repercussão, o Tallman, de Phantasma; o Pumpkinhead, de A Vingança do Diabo; e tantos outros cujo sucesso foi mais tímido, por assim dizer. Dentre os citados, muitos irão concordar que Jason sempre esteve em uma confortável posição de destaque entre os fãs, com sua máscara de hockey e sede de vingança implacáveis. Posto isso, o fato de que historicamente o posto referencial das personagens de cinema de horror foi surrupiado dos monstros antigos pelos novos “monstros” e suas franquias de gosto tão duvidoso quanto aquele a que a exposição maciça impingiu aos de outrora, daremos um salto no tempo.

Agora, o ano é 2002 e os colecionadores de DVD’s fãs de Jason recebem com alegria o lançamento de seus filmes do coração em digital. Quer dizer, com alegria até eles abrirem o lacre e colocarem os discos na bandeja, né?!? Algo que sempre foi alardeado aos quatro ventos como uma das vantagens do formato era a possibilidade de ele poder trazer material extra-filme. Documentários cobrindo o período de gravações, cenas deletadas, faixa de comentários, entrevistas, stills, testes de maquiagem, bastidores… enfim, um sem número de fatores interessantes de serem desvelados ante as câmeras para os aficionados. Além da qualidade digital, óbvio. Bem, para o consumidor final, o que traziam os DVD’s da cinessérie Sexta-Feira 13 lançados pela Paramount no que concerne aos extras? Tremei, queixos!!! Nada de relevante. A não ser que você considere a seleção de cenas como um extra – algo que as reprodutoras insistem em listar, talvez para camuflar a flagrante falta de material de verdade. Ou talvez, um indefectível trailer, quando muito. Desta forma, alvoreceram no formato as partes dois, três, quatro, cinco e seis, em uma lufada de oportunismo para aproveitar o lançamento de Jason X nos cinemas. Em DVD, a décima parte da franquia também foi lançada no mesmo 2002, pela Playarte, com making-of, entrevistas, opção de legenda nos extras e um melhor tratamento de som e imagem. Aqui, cabe uma curiosidade que os mais atentos já devem ter notado:

• Paramount Pictures

Status: major (reprodutora de grande porte, multinacional)

Lançamentos: com ausência de extras

• Playarte

Status: minor (reprodutora de pequeno porte)

Lançamento: com presença de extras


Partes 7 e 8: inéditas até quando?

Pra piorar, por estranho que fosse, as partes dois, três, quatro, cinco, seis e dez estavam lançadas, mas as partes um, sete, oito e nove permaneciam inéditas. Vale notar que o ineditismo do original até aquele momento devia-se principalmente ao fato de a reprodutora que detinha os direitos sobre o lançamento não ser a Paramount, e sim a Warner. Deste modo, apenas no ano seguinte, caiu a ficha da Warner de que seria um tiro n’água continuar com o filme na gaveta e eles finalmente puseram o original do Sean S. Cunningham no mercado, inclusive pelo momento ser bastante oportuno, uma vez que o filme poderia capitalizar com o lançamento dos outros no ano anterior. Presença de extras? Um documentário com o making-of do original e o trailer de cinema. Bem pouco se pensarmos que o filme contou com a participação de Kevin Bacon e que seria demasiado interessante incluir entrevistas ainda que recentes sobre a sua participação no filme, traçando um paralelo sobre o posterior sucesso tanto do filme quanto da carreira do ator e rascunhando como Sexta-Feira 13 se estabeleceu no imaginário popular através da figura do assassino de Crystal Lake e suas matanças tão criativas quanto ferozes. Não seria difícil incluir mais material, isso é fato. E, como eu sou um incansável batedor de teclas repetidas e expositor de óbvios ululantes, vamos lá:

• Warner Home Vídeo

Status: major (reprodutora de grande porte, multinacional)

Lançamento: com presença de extras, ainda que em quantidade inferior ao que se poderia esperar

• Playarte

Status: minor (reprodutora de pequeno porte)

Lançamento: com presença de extras

Fica a pergunta: o incremento de material extra, como acontece comumente em lançamentos importados, constitui um acréscimo de valor assim tão representativo que não valha a pena pagá-lo para fornecer um produto de maior qualidade ao consumidor final? E falávamos de 2002/2003, com o mercado a pleno vapor e com a necessidade de consolidar ainda mais o formato, conquistando cada vez mais adeptos da tecnologia em efervescência. Que melhor modo de fazê-lo senão oferecer um produto cada vez mais atrativo? Vários são os indícios de que, pelo menos aqui, as reprodutoras pequenas entenderam isso muito melhor que as gigantes do mercado. Mas, fiquemos, pelo menos por agora, apenas neste exemplo. Conheço a mim mesmo o suficiente pra saber que eu ainda tocarei nesse assunto em colunas próximas.

Jason ainda voltaria ser lançado no Brasil em formato digital em 2004, no crossing over Freddy vs. Jason (Crossing over?!? Lembro-me de ter lido algo sobre isso e o esgotamento de possibilidades e idéias que o recurso trazia embutido em seu próprio conceito, de como ele foi daninho para os monstros clássicos… Tava esboçado em algum lugar) e, em 2006, com Jason vai para o Inferno – A Última Sexta-Feira, ambos pela Playarte e – adivinhem? – o primeiro repleto de extras relevantes, inclusive com duas opções para o consumidor: a edição simples e uma edição dupla, com capa em tom mais azulado e com um disco inteiro só de extras para aplacar a curiosidade de quem curte as informações detrás dos bastidores. Já a parte nove, apregoada como “a última sexta-feira” (mas, longe de ser), saiu peladona, seguindo o exemplo dos filmes da franquia que foram lançados pelas majors. Curiosamente, a parte nove é uma das mais atacadas pelos fãs, por acrescentar elementos bastante alheios ao mundo de Jason e fugir da mitologia da personagem. É diferente sim, mas nem por isso merecia um tratamento tão desleixado. Quando é pra elogiar, a gente elogia… mas, quando é pra mostrar que poderia ser melhor, a gente também precisa fazer um trabalho correto e imparcial. A Playarte poderia não ter escorregado neste daqui. Eu iria gostar de arredondar o elogio tanto como colunista quanto como colecionador. E o absurdo dos absurdos? Acreditem se quiserem, mas passado tanto tempo e as partes sete e oito PERMANECEM INÉDITAS EM DVD ATÉ HOJE!!! É claro que isto é no Brasil. Fora daqui, a mesma Paramount que lançou as partes de dois a seis, lançou também as seqüências sete e oito, ainda que carentes dos mesmos extras que pedimos nas edições nacionais.

Bem, onde é que eu quero chegar além de deixá-los um pouco mais informados sobre aquele que é seguramente o slasher mais prolífico em continuações e contagem de corpos da história do cinema? Simples, eu quero atentar para o absurdo que é o lançamento de um box da Paramount que apenas requenta os filmes já lançados em 2002 e acrescenta uma nova arte de capa e pouquíssimas mudanças perto das que poderia acrescentar. A primeira questão a se levantar seria: onde estará a despadronização? Sim, porque quem coleciona DVD’s, ama a série, não tem nada a ver com o fato de haver três reprodutoras diferentes lançando a família Voorhees no Brasil e gostaria de comprar esse novo box, já vai sabendo que as novas artes de capa seguem um padrão branco, com sangue espirrado e a exibição de alguma ferramenta sui generis coberta de sangue. Fica assim: o cara tem a parte um, com a capa azul. Depois, tem cinco filmes com a capa em branco e vermelho, e tem um intervalo cronológico de duas edições nunca lançadas aqui. Mais outro DVD em amarelo e laranja, com um plugin de fogo e tal. O seguinte, meio em preto, cinza e azul, com o espaço sideral ao fundo. E, finalmente, dependendo da disposição monetária do sujeito, um simples, com a capa predominantemente preta e detalhes em cores quentes ou um duplo, com a capa preta e cores frias em predomínio nos detalhes dos rostos, sobretudo o azul. Quer dizer, um horror só!!! E quando (e se) forem lançadas as partes faltantes, a Paramount vai oferecer também duas opções de capa? Uma pra quem comprou o box e outra pra quem comprou os DVD’s de 2002?

Agora, a principal questão é: se é pra lançar um box com todos os DVD’s da série cujos direitos são detidos pela reprodutora, por que raios não lançar as partes sete e oito também? Deus do Céu, é pedir demais uma explicação mínima sobre tamanho desrespeito e desconhecimento de mercado? Estamos falando simplesmente de uma das franquias de horror com o maior número de fãs ao redor do globo e no Brasil não é diferente. Então qual é a razão de perpetuar a asneira tamanha que é manter esses filmes sem um lançamento nacional? É mais um daqueles casos de polícia a que todo colecionador de DVD’s tem que se submeter e testemunhar para continuar levando adiante o seu hobby, muitas vezes de maneira mais cega e apaixonada do que seria o recomendável.

“Bom, mas se lançaram um box, pelo menos o material extra agora deve ter sido colocado nos filmes. Esse cara tá criando tanto furdunço por pouca coisa…” Olha só, extras foram colocados (e muito bem vindos) em Sexta-Feira 13 – parte 2. E só!!! É o que indicam todas as lojas especializadas em DVD na internet, uma vez que eu não tive acesso aos boxes pessoalmente. Além disso, a parte 3 vem com um óculos 3D e foi lançada com o recurso justamente para poder simular em casa o que os cinéfilos puderam ver à época em que o filme foi parar nas salas de exibição mundo afora Em um box com cinco filmes, acrescentar apenas estas mudanças pode ser considerado um avanço? Pesando prós e contras, eu diria que é um retrocesso muito grande e uma demonstração de indelével desrespeito para com o consumidor final/colecionador que, em última instância, representa o grosso a quem este lançamento se destina. E tem mais: se pensarmos que a refilmagem do original vai para as salas de cinema em fevereiro próximo, teremos a certeza de que a palavra que melhor define a atitude das reprodutoras quando o assunto é Sexta-Feira 13 é oportunismo!!!

Uma coisa é certa: o poder de compra do consumidor brasileiro ainda é assaz subestimado. Haja vista a ausência das edições estendidas de O Senhor dos Anéis, importadas quase que em escala industrial do mercado português para abastecer as prateleiras dos colecionadores daqui. Sonhemos com o dia em que um box decente, limitado e numerado à mão, com os dez primeiros filmes da série será lançado no Brasil, com uma máscara de hockey, uma miniatura do Jason em bronze, extras para todos os filmes, formato widescreen e, de quebra, o DVD duplo His Name was Jason: 30 years of Friday the 13th, de Daniel Farrands – um senhor documentário com entrevistas e mais de quatro horas de material, indispensável aos fãs do clã Voorhees. Mas, para não nos distanciarmos demais da realidade, não esperemos por este lançamento. Apenas sonhemos com ele, colecionadores.

Apenas sonhemos.


VIDEO DA MINHA BANDA TOCANDO
http://www.youtube.com/watch?v=rVnQDwYbum8

video 2 cover the stooges
http://www.youtube.com/watch?v=Zr2igUksPPI

video 3 simple live
http://www.youtube.com/watch?v=OCI8laA8fZ4

video 4 cover planet hemp
http://www.youtube.com/watch?v=58ItGg9McEo

video 5 had love turn the world
http://www.youtube.com/watch?v=kaeyuGtfMQE

video 6 had love turned world
http://www.youtube.com/watch?v=cQIow3A9OEE

video novo da banda :)
http://www.youtube.com/watch?v=6ii0fAwFD-w
cover black sabbath
http://www.youtube.com/watch?v=h_ULWxUnVkE

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