terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Arte da Perversidade - Medo e Incoerência



A Arte da Perversidade - Medo e Incoerência

Os filmes criados independentemente nos anos 70 as vezes querem fazer uma fusão tão grande de gêneros e apostar em tantos cavalos diferentes (alguns que ninguém em sã consciência apostaria) que causam uma confusão tremenda. Desta forma, foram realizadas algumas produções exploitation difíceis até de classificar nas categorias que vimos até agora.

Por exemplo, FANTASMA (1978), de Don Coscarelli - uma mistura de sci-fi, aventura teen e horror (séculos antes de DONNIE DARKO). The Boogey Man, um slasher disfarçado de história de possessão ou vice-versa.

Só que estes são exemplos mais artísticos, ou pelo menos concisos. No entanto como podemos explicar o que acontece em Soul Vengeance (1975), um longa que pega a persistente imagem cultural de que um negro é sexualmente super-dotado e coloca seu protagonista como um herói que mata seus desafetos usando seu... eh... ahn... Você já entendeu a ideia, não é?

Também podemos citar Ghosts That Still Walk (1977), um horror psicológico sobre artefatos índios, um garoto possuído e rochas gigantes que aparecem rolando não se sabe de onde. A Scream on the Streets (1972) é outra maçaroca que passa um tempo infindável falando sobre dois policiais corruptos e um informante, apenas para dar um tempo para desenrolar uma trama numa casa de massagem e algumas participações na vida de um serial killer.

Mantendo a chama viva nos anos 80 temos The Jar (1985), sobre um homem malevolamente inclinado a loucura por uma vitima de atropelamento. Só que ele não mostra isso pra ninguém, então nunca aprendemos com o que acontece.

Parcialmente incompreendidos e incompreensíveis, estes são os filmes que ganham pontos por estarem além da fronteira do ruim, na intersecção entre o "único" (no sentido de que nenhum outro faria algo assim) e o "tosco", enfim, guilty pleasures por excelência. E é isso tudo o que os exploitations são sobre: uma deliciosa perda de tempo.
Se estas mesclas absurdas eram reflexos do uso de medicação tarja preta, um atrativo para ganhar dinheiro ou puramente uma forma (esquisita) de se fazer arte, varia de caso a caso, contudo o fato é que esta imaginação deturpada de diretores, roteiristas, produtores e distribuidores foi erodindo e se dissipando no meio dos anos 80 e, até os início dos anos 90, já era um passado distante, é o que veremos a seguir.

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